quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Poemas Urgentes!!!

Poesias soltas por aí...

Você
Eu não
Você, eu não
Você,
Sem chão
Você
Eu não

*****

Põe a língua pra fora
Passa no meu corpo
Já está na hora
De descer mais um pouco

*****

Vou passar a minha língua
No teu corpo já suado
Água
Creme
Esperma
Lagrimas
...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cena curtíssima antropofágica


(os três personagens saem da platéia com uma garrafa de vinho e taças. Encontram se no centro do espaço definido para a ação, enchem as taças):

Primeiro: Um brinde! (alegre, sem entender)
Segundo: A que comemoramos?
Terceiro: A “ela”.
Segundo: Oras! (desapontado) Pensei que fosse algo importante.
Primeiro: Não temos nada pra comemorar...
Terceiro: Então, inventamos algo assim...
Segundo: Essa nossa “roda” inventada.
Primeiro: Mas, por quem?
Segundo: Não sei (querendo dizer que não foi ele)
Primeiro: Por mim!
Segundo: Por ti!
Terceiro: Por nós!
Segundo: Qualé?

(cada um corre para um canto do espaço)

Segundo: Vão me engolir.
Terceiro: Vão te engolir.
Primeiro: Vão nos engolir.
Terceiro: O Choque de gerações...
Primeiro: Qual o que?
Segundo: (achando graça) Existe isso?
Terceiro: Claro que sim.
Primeiro: Somos todos iguais.
Segundo: Eu e meus pais.
Terceiro: Você e seus pais.
Primeiro: Nós e nossos pais.

(todos dão gargalhadas, o segundo vai ficando sério)

Segundo: (repreendendo) Parem com isso!
(os outros dois param)
Segundo: Nossa “roda” é muito séria.
(olham se e caem na gargalhada novamente. Vem se juntando ao centro)
Terceiro: (ao primeiro) Você é feliz?
Primeiro: É pra ser feliz?
Terceiro: Sim. (colocando mais vinho nas taças)
Segundo: Mentira! (acendendo um cigarro) Ela só que nós tenhamos. Quanto mais, melhor.
Terceiro: Ah! Vai, falando sério.

(o primeiro vai responder, o segundo olha pra ele e diz):

Segundo: Não dá pra dizer, não é?
Primeiro: É.
Segundo: Enquanto tivermos um bom vinho e o que fumar está de bom tamanho.
Terceiro: (para o segundo) Palhaçada, hein?
Primeiro: Pare!
Segundo: Atenção!
Terceiro: Siga!
Segundo: São regras de uma boa educação.
Terceiro: E o que é uma boa educação?
Primeiro: Ninguém, até hoje soube responder esta questão.
Segundo: Quer saber? Eu vou pra casa.
Terceiro: Eu também.

(os dois vão saindo)

Primeiro: Ei, espere!

(os dois voltam)

Primeiro: A gente vai terminar a cena assim

(os dois se olham sem entender)

Primeiro: É. Este vai ser o nosso fim?
Segundo: Não.
Terceiro: O fim é a morte.
Primeiro: Como assim?
Terceiro: Todos se matam! Todos se comem. E eu não quero presenciar isso. Tiau. (sai)
Segundo: Eu também (sai)

(o primeiro que ficou esperando, de repente, leva um tiro e cai).

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Diário do Nada: Domingo: A ressurreição


Levantou cedo e foi à missa. Precisava ouvir palavras que o confortassem.
E ouviu:
- “Faça a tua parte e eu o ajudarei” – repetiu o Padre, a frase retirada do evangelho.
Foi embora. Já não estava sozinho. Sentiu um misto de alegria de criança quando se faz uma descoberta e de um adulto quando descobre uma resposta de uma pergunta sem resposta.
...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Diário do Nada: sábado de aleluia


Dormiu a manhã inteira.
Levantou ao meio dia.
Almoçou.
Tomou banho.
E dormiu toda à tarde.
À noite não saiu.
Não fez nada.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Diário do Nada: Sexta feira: a crucificação


Resolveu sair com a Renatinha, sua ex. Pediu ao irmão uma grana emprestada, quando pudesse o pagaria.
Levou a mina numa boate, no centro dançar, e sentiu-se tão pequeno, diante da alegre juventude, da qual fazia parte, mas não participava. The girls and the boys tinham tanto pra ser feliz, e ele ali resmungando o que a vida lhe negava.
Não curtiu como previra. Não era o que ele queria, não o que realmente desejava. Tudo ia pela viela contrária. Via todos os seus sonhos se desmoronarem, como uma torre de babel se despencando e indo por terra a baixo.
Foram embora. Ele pilotava a moto adquirida nas sessenta prestações do consórcio, e retirada apenas no último sorteio.
A gata tava a fim de transa. Ele não, ele precisava, necessitava. Iria fazê-lo sentir tão vivo, como jamais sentira naqueles dias. Mas na hora “agá” brochou, seu pinto não o obedeceu, não subiu, falhou, o deixou na mão.
Era mesmo um nada. Era só o que faltava

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Diário do nada: quinta feira de lava-pés


Olhava para as horas que não passavam, naquela faculdade imunda, cheia de professores imundos, de colegas imundos. Até ele era imundo, às vezes. Hoje era dia de beber com os “amigos” da faculdade. Mão no bolso. Apenas o vale-transporte para o ônibus de vota pra casa. Nada de cigarro e cerveja e mulher e farra.
Já não estava atento ao que o chato do professor de filosofia, mestrado não-sei-onde, doutorado em-não-sei-o-quê, dizia. Foi ao Nada, precisava ir, sentia necessidade de sentir nada. Quase chorou de raiva de si.
Mas teve que voltar rápido, alguém o chamara. Acabou a aula. Foi pra casa dormir.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Diário do Nada: quarta feira santa


Lutava ardorosamente contra o que socialmente se chama de ansiedade. Aguardava, faz certo tempo, o edital de um concurso público. Queria se ajeitar na vida, dizia. Buscava a felicidade. Corria atrás ou à frente de seu projeto de vida.
Folheava o jornal do dia, até abrir numa pagina , onde informavam sobre o adiamento das provas do concurso.
Foi ao Nada e voltou depressa. Não conseguiu ficar muito tempo, pois tinha muito que fazer no Tudo. Tinha que adiar o seu “ajeitar a vida” e os eu “encontro com a felicidade”.
Fazer o que?, era a vida, não podia fazer nada. Não havia nada a ser feito a não ser adiar a sua felicidade. Tinha muito pra viver, pensou. Aquele foi um dia de muita chuva, naquela cidade que raramente chovia, neste dia fez questão de chover bastante, muito mais que o habitual, que o normal na vida de um ser humano.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Diário do nada: terça feira santa


O noticiário no rádio informa que as investigações sobre o Deputado Federal, que já fora prefeito e agora pretendia ser governador, andava a passo de lesma. Investigavam como aquele político enriquecera tão rápido. Em dez anos seu patrimônio financeiro e material passou de quatro milhões para oitenta milhões. O critico do rádio disse que já sabia que ia dar em nada. Mais uma investigação que acaba em pizza, disse o locutor.
De repente sentia o Nada chegar, fazer todo o percurso até chegar ao cérebro, e sentir se fraco para fazer nada. Sentiu se impotente, sem poder de nada, sem nada ao seu poder. Ficou imobilizado pelo sentimento do Nada.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Diário do Nada: segunda feira santa


Esperava sentado e angustiado começar a novela. Mais uma em sua vida. Era o fim daquela temporada. Pelo menos pra ele. Bestial e inútil na sua vida. Para ele as novelas acabavam na segunda, quando sentia que aquilo que assistia não lhe acrescentava nada. Parava de assistir. Gostava de segundas feiras, achava que era dia de começar, de renovar. Ou de terminar. Novamente aquela sensação. Do Nada. De não ter o que pensar, de não ter como pensar. Estava como no dia anterior, preso no Nada. E ali ficou, por algum tempo.
Já conhecia este sentimento, esta zona de conflito em sua´lma. Não protestava mais. Deixava acontecer, afinal, acabasse a novela na TV, acabava o Nada dentro dele.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Diário do Nada: reflexões sobre o paradoxo do Nada.



Nada. Simplesmente não sentia nada naquele dia. Nem alegria. Nem tristeza. Nem... nada. Só queria estar em outro lugar, com outra gente. Que fosse de preferência sua gente. Mentira! Estava mesmo era sonhando com cifras. Desejava estar rico. Sonhava estar num lugar evoluído, onde as pessoas gostassem (porque não?) de pessoas.
Ali não era seu lugar. Não era sua casa. Não eram seus amigos. Pelo menos é o que sentia. Além de nada.
Coração vazio e solitário naquela tarde de domingo, naquela província. Sim. Porque toda aquela gente era uma gente provinciana. Todos vivendo de aparências. Nem sempre ruins, mas nunca boas. E além de tudo, sempre com efeitos colaterais. Que começavam no fim de domingo e só terminavam na noite de segunda, quando percebiam que não havia conserto, aquela situação não havia conserto.
Ele tinha medo de quem dizia ter medo de gente. É porque se achavam melhores. Superiores e inferiores, diziam entre si. Contavam, ás vezes, alguma piada com alguma graça, ou nada. E riam, davam gargalhadas, riam muito, chegando a quase dar cambalhotas de tanto rir.
O Nada, aliás, não era somente um estado de espírito elevado e/ou rebaixado a nenhuma potencia. O Nada era um lugar secreto onde, em silêncio, se descobre apenas o nada. Que procurava se achar ou achar algo ou alguém, na verdade iria pela viela contrária, se perdia. Ou perdia a coisa, ou o alguém. Era assim que se encontrava no Nada. Perdido. Naquele dia. Naquele domingo. Naquela tarde. Naquele lugar.
Depois de algum espaço de tempo desconhecido ele saía do Nada. Retornava para o Ali e o Agora. Vivia. Sentia alguma coisa, algo se movia por dentro. Queria escapulir para expelir nos outros aquilo que encontrara no Nada. Mas fechava a boca e principalmente o coração, ainda havia um ali, claro, e nada saía.
Ir ao Nada era constante. De repente estava todo feliz para o Nada chegar (não que o Nada o entristecesse). E ele já sentia. Começava pelos pés, subia lhe as pernas, passava pelos órgãos genitais, quase o fazendo ter um orgasmo (aliás, vezemquando era bom sentir nada, oras bolas!), subia ao coração e pulmão, até chegar ao cérebro e ficar completamente no Nada.
O Nada, ás vezes, durava uma eternidade. Outras, vinha somente por segundo. Adorava aquilo. De qualquer jeito que fosse gostava do Nada. Somente sofria realmente, quando o Nada parecia não querer acabar nunca mais. Tinha medo. Sofria muito. Não queria morrer no nada. Tinha muito que fazer no tudo. E no nada, não conseguia fazer nada. E era o que o atormentava, ficar preso num espaço de tempo denominado Nada pra sempre.
Virou lenda naquele lugar. Não se sabe até hoje como ele conseguiu viver tanto no Nada. Tanta gente no Tudo. Ele no Nada. Mas... cada qual é cada qual. E ele era nada. Apenas nada.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Poemas Urgentes: Fecha as pernas, minina!


Fecha as pernas minina,
Tá todo mundo vendo...
Pensa alto não!
Tem tanta gente morrendo!
Eu sei que ocê é muié séria,
Às vezes doce, às vezes brava.
De vez em quando chora calada
E também, se deixa guardado,
O grito, no peito, sai e explode.
Pensa muito não!
Vai lá, faz, vive, seja feliz.
Canta meu bem, no meu ouvido,
Eu deixo você dizer as coisas erradas,
E depois corrigir.
Eu sempre te amei!
Pensa assim não!
Olha, você está em mim,
Eu te procuro e te vejo,
No meu sonho, na minha vida,
Na minha cama, na minha boca,
Na minha garganta, no meu coração.
Fecha as pernas!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Poemas Urgentes: Dia nove


(tirado do site: http://images.google.com.br)

Encontrar-te e te amar
No dia nove.
No dia nove
Dar-te prazer, dar-me prazer
Ser feliz, ser seu, sermos um
No nosso lugar, na nossa solidão,
Nos nossos medos,
De entrega, de paixão.
No dia nove
Quero ser seu,
E em você ficar,
Até que dia nove,
Torne a chegar,
Pra que eu possa sonhar,
Com você, com seu amor,
E no dia nove,
Eu possa acabar com a dor,
De te amar,
Só no dia nove.

A luz no fim do cano...

(Foto: Rodriggo Silva)

Montes Claros, 29 de abril de 2010
Oi.
Sim, um oi seco pra você.
Quem ler esta carta irá pensar que eu sou uma pessoa grossa, pelo início dela. Mas a verdade é que eu preciso cortar o seu mal no início da nossa conversa.
O que eu lhe fiz? Jamais prometi qualquer coisa a você. Não prometi nada pra mim. Nem a nós dois, como você diz. Aliás, não existe nós dois. Não existiu, e no que depender de mim não vai existir.
Eu havia lhe dito que não queria namorar por agora. Que preciso dar um “time in my life”, pra cuidar de mim. Pensar mais em mim. Mas você confundiu toda minha educação (fina, diga-se de passagem) e atenção com interesse.
Você foi bastante insistente e teimoso. Eu lhe disse várias vezes que não queria namorar, você, nem ninguém, e isto é fato. E quando dizia isto, não dizia por você. (Quer dizer, por você ser isto, ou aquilo.) Mas eu dizia por mim. É a minha escolha. Não pedi pra você se apaixonar por mim, e não prometi corresponder sua expectativa.
Pra você eu só consigo enxergar uma luz no fim do cano. Sim, porque você está entrando pelo cano com essa paranóia, mas tem saída sim. Desencana de mim.
Ao contrário do que você diz, eu não me acho nada. Mas e você? É quem? Pra achar que eu tenho a obrigação de me apaixonar por você. Você não vai entender o que eu vou lhe dizer agora. Sabe quando você está fechado pra receber? Não deve saber. Mas eu sei. É. Tem momentos na vida que você não quer encontrar com míngüem (tou falando de encontro de almas), de encontrar nada, de apenas curtir você mesmo e sua solidão.
Eu não acredito nessa paixão que acontece em apenas quinze minutos e toma conta da gente.
Você tomou no cu comigo!
Pra mim o amor é o encontro de almas, e a minha não encontrou a sua. Mas também não estava procurando, nem a sua, nem a de ninguém.
Ps1: espero que você encontre a luz no fim do cano...
Ps2: Jesus te ama!

Tiau.