quarta-feira, 23 de junho de 2010

Diário do nada: quinta feira de lava-pés


Olhava para as horas que não passavam, naquela faculdade imunda, cheia de professores imundos, de colegas imundos. Até ele era imundo, às vezes. Hoje era dia de beber com os “amigos” da faculdade. Mão no bolso. Apenas o vale-transporte para o ônibus de vota pra casa. Nada de cigarro e cerveja e mulher e farra.
Já não estava atento ao que o chato do professor de filosofia, mestrado não-sei-onde, doutorado em-não-sei-o-quê, dizia. Foi ao Nada, precisava ir, sentia necessidade de sentir nada. Quase chorou de raiva de si.
Mas teve que voltar rápido, alguém o chamara. Acabou a aula. Foi pra casa dormir.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Diário do Nada: quarta feira santa


Lutava ardorosamente contra o que socialmente se chama de ansiedade. Aguardava, faz certo tempo, o edital de um concurso público. Queria se ajeitar na vida, dizia. Buscava a felicidade. Corria atrás ou à frente de seu projeto de vida.
Folheava o jornal do dia, até abrir numa pagina , onde informavam sobre o adiamento das provas do concurso.
Foi ao Nada e voltou depressa. Não conseguiu ficar muito tempo, pois tinha muito que fazer no Tudo. Tinha que adiar o seu “ajeitar a vida” e os eu “encontro com a felicidade”.
Fazer o que?, era a vida, não podia fazer nada. Não havia nada a ser feito a não ser adiar a sua felicidade. Tinha muito pra viver, pensou. Aquele foi um dia de muita chuva, naquela cidade que raramente chovia, neste dia fez questão de chover bastante, muito mais que o habitual, que o normal na vida de um ser humano.